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14 de outubro - Dia Nacional de Combate à Sífilis

Na Bahia, o número de crianças mortas em decorrência da sífilis aumentou em quase 20 vezes de 2010 a 2013; em Salvador, os casos de recém-nascidos infectados pela doença dobraram nos últimos dois anos.

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Números crescentes da doença na capital e no estado mobilizam a Regional Bahia da Sociedade Brasileira de DST, Ministério Público, CREMEB, COREN e entidades afins a se reunirem no dia 14 de outubro, das 8h às 13h, na sede do MPB, no Centro Administrativo da Bahia.

Uma doença silenciosa, traiçoeira e devastadora – principalmente quando atinge o bebê ainda na fase intrauterina. A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode ser transmitida por relação sexual sem proteção ou através da mãe infectada para a criança, durante a gestação – a chamada sífilis congênita, que pode trazer complicações como aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou morte ao nascer. A doença em parturientes é quatro vezes maior que a da infecção pelo HIV. O tratamento é feito através do uso da penicilina. Mas apesar do combate à bactéria ser uma realidade há pelo menos 50 anos, a doença se mantém como um sério problema de saúde pública em todo o mundo.

Dados oficiais fornecidos pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia mostram que em Salvador o número de recém-nascidos contaminados pela sífilis aumentou em mais de 100% nos últimos 2 anos. Houve uma elevação da incidência de 9,03 casos/1.000 nascidos vivos em 2013, para 18,8 casos/1.000 nascidos vivos em 2015. Ou seja, para cada mil bebês que nasceram ano passado na capital baiana, mais de 18 foram contaminados. E esses números são crescentes ano a ano.

Os mesmos dados revelam que na Bahia, o coeficiente de mortalidade por sífilis congênita, que no ano de 2010 era de 0,5/100.000 nascidos vivos, se elevou em 2013 para 9,8/100.000 nascidos vivos. A situação da sífilis congênita no estado também é preocupante: de 2013 para 2015, a incidência de casos registrados de sífilis congênita em crianças com menos de 1 ano quase dobrou, passou de 4,6 casos/1.000 nascidos vivos para 7,1 casos/1.000 nascidos vivos. Outro dado que chama atenção no estado é o aumento do número de casos de sífilis em gestantes: em 2013 a incidência era de 7,4 casos de sífilis em gestantes/1.000 nascidos vivos e, em 2015, este coeficiente se elevou para 10,6 casos de sífilis em gestantes/1.000 nascidos vivos.

Sobre a sífilis adquirida, em 2013, foram registrados 2.677 novos casos na Bahia. Em 2015, esse número subiu para 4.915. Este ano até o momento, 2.961 pessoas foram diagnosticadas com a doença no estado.

No Dia Nacional de Combate à Sífilis, 14 de outubro, sexta-feira, haverá um grande encontro, das 8h às 13h, no Ministério Público do Estado da Bahia, no CAB – Centro Administrativo da Bahia – Av. Paralela, com a participação de cerca de 350 gestores e profissionais da saúde e da educação, população, estudantes e imprensa. A iniciativa é da Regional Bahia da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST/BA) em parceria com o Ministério Público do Estado da Bahia, CREMEB, COREN, Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), por meio do Programa Estadual de DST Aids (Suvisa/Divep) / CEDAP (SAIS) / Fórum Rede Cegonha Região Metropolitana de Salvador (DGRP/SAIS), Programa Municipal de DST/Aids e Campo temático da saúde do homem / Atenção primária (SMS/Salvador),  Labimuno / UFBA, Instituto de Saúde Coletiva/UFBA e Câmara Técnica de enfrentamento da sífilis congênita e materna, hepatites virais e da transmissão materno-infantil do HIV do município de Camaçari.

Essa é a 11ª edição do encontro, que tem o objetivo chamar a atenção da sociedade para o combate às doenças sexualmente transmissíveis. Mesmo diante de todo o trabalho realizado ao longo dos anos, os dados mostram que a sífilis permanece com índices elevados e incompatíveis com o arsenal diagnóstico e terapêutico disponíveis, mostrando a complexidade do problema.

De acordo com Dr. Roberto Fontes, médico ginecologista e obstetra e membro da Diretoria da Regional Bahia da Sociedade Brasileira de DST, “os números crescentes de casos de sífilis adquirida e de sífilis em gestantes revelam duas situações: aumento do número de casos de sífilis na população exposta a práticas de sexo de risco sem uso de preservativos e melhoria do acesso ao diagnóstico”.

Neste ano o evento tem 3 objetivos primordiais:  Discutir o manejo do RN com sífilis congênita, trazer o cenário da ‘cascata do cuidado’ com a sífilis na Região Metropolitana de Salvador e enfatizar o arsenal diagnóstico e terapêutico disponível para  a prevenção, assistência e controle do agravo. “Nesta perspectiva, além da atualização de conhecimentos e da troca de experiências, almejamos, a partir dos problemas e tensões apontados, juntos aos atores locais presentes, repensar o cuidado frente à sífilis. Diante de cenários distintos no estado, quando nos debruçamos sobre a realidade local, ficamos inquietados com algumas questões, sobretudo pela cronificação e naturalização das dificuldades da rede de assistência e cuidados em saúde. Apesar das melhorias, a exemplo da disponibilização da triagem pré – natal em papel filtro e do teste rápido para as gestantes, a persistência de altas taxas de sífilis congênita sugere que as medidas preconizadas para interromper a transmissão da infecção pelo Treponema pallidum nas gestantes não alcançaram os níveis pretendidos. Neste contexto a abordagem das parcerias sexuais representa outro grande desafio. Consequentemente, perduram inaceitáveis registros de casos de sífilis congênita e o controle deste agravo permanece como um sonho distante”, reitera Dr. Roberto Fontes. 

“Com relação ao enfrentamento da sífilis, somente esforços adicionais e de grande envergadura contemplando a adoção de medidas de cunho técnico, político, ético, social, jurídico e administrativo poderão preencher os vazios desassistidos observados.

Sendo assim, convidamos a todos (as) para que no espaço e no tempo do evento renovemos a esperança de repensar e reconstruir, na nossa prática diária, o enfrentamento da sífilis, sobretudo a implantação de políticas públicas, respeitando os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde”, finaliza.

DADOS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima 12 milhões de novos casos de sífilis no mundo a cada ano. Desse número 11 milhões, ou seja, mais de 90% dos casos estão na América Latina, Caribe, África subsaariana, sul e sudeste da Ásia. Exatamente na parte mais pobre do planeta. No mundo, a sífilis na gestação é responsável por 29% de óbitos perinatal e 11% de óbitos neonatais e 26% de natimortos.

No Brasil, segundo dados da OMS sobre infecções de transmissão sexual na população sexualmente ativa, a cada ano, surgem 937.000 novos casos de sífilis. A prevalência na gestante é de 2,6%, o que corresponde a quase 50 mil gestantes com sífilis e 12 mil casos são de sífilis congênita por ano. A taxa de incidência de sífilis congênita é de cerca de 4 casos / 1.000 nascidos vivos. A Organização Mundial de Saúde considera que a sífilis congênita é eliminada quando a ocorrência é de 0,5 casos/1000 nascidos vivos.

 

DIA NACIONAL DE COMBATE À SÍFILIS
14 DE OUTUBRO (SEXTA-FEIRA)
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA
CAB – CENTRO ADMINISTRATIVO DA BAHIA – AV. PARALELA
DAS 8h ÀS 13h

ABM
Rua Baependi, 162
Ondina, Salvador - Bahia
CEP: 40170-070
Tel.: 71 2107-9666
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