HARLEM CARVALHO
HARLEM CARVALHO
06/01/2015
11:46
Carta aberta em resposta à reportagem sobre a máfia das órteses e próteses

Noite triste para Medicina brasileira em 4 de Janeiro de 2015. Ontem assisti melancolicamente a matéria sobre as indecentes propinas na comercialização de próteses na TV. Este escândalo é antigo, vem prejudicando todo o frágil sistema de assistência à saúde no País, não encontra guarita na respeitada comunidade médica e é combatida pelo CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA.Apenas agora a imprensa resolveu tardiamente dar enfoque.

A matéria foi muito reveladora mas ficou incompleta. Não alcançou toda a cadeia de PROFISSIONAIS NÃO MÉDICOS que chafurdam na mesma lama, ganhando dinheiro indevidamente também, como representantes comerciais, técnicos especializados nas aludidas peças, diretores de hospitais, gestores de saúde ligados ao Governo, gestores dos próprios planos de saúde e até auditores. Além de não dar ênfase em toda cadeia do crime, focalizou o "médico" indistintamente, como se todas as especialidades participassem deste teatro de vampiros. A MENSAGEM SUBLIMINAR deletéria passada à população foi muito danosa aos profissionais honestos, que são a maioria absoluta.

O ponto que faltou ser colocado no "i" é o CONTEXTO GERAL DE CRISE NO MODELO ASSISTENCIAL À SAÚDE NO BRASIL. Tudo começa pela massificação sem qualidade do ensino médico em péssimas faculdades públicas e privadas, formando médicos incompetentes e antiéticos com a autorização governamental de quem deveria impedir esta distorção. Como o Brasil pode ter mais faculdades de Medicina que os EUA e China, perdendo apenas para a Índia ? A problemática chega às cenas lamentáveis que testemunhamos ontem, passando pelas emergências lotadas, as mensalidades caríssimas dos planos, a negativas de cobertura, a escassez de bons profissionais e de serviços dignos, o aviltamento dos salários e honorários médicos.

É preciso ficar claro que a carapuça não cabe na cabeça dos bons médicos de verdade, os quais são vítimas também pois são prejudicados com a sangria de valiosos recursos de todo o sistema. O desperdício acaba sendo compensado no achatamento da remuneração do médico honrado, que não se sujeita à fraude. Estamos fartos dos oportunistas desonestos entre nós e há tempos pedimos justiça neles.

Nós, bons médicos, não somos como aqueles poderosos de plantão em Brasília que banalizam intencionalmente a corrupção para criar a cortina de fumaça do vale-tudo e de que todos seriam ladrões mesmo. Estamos majoritariamente contra eles desde as eleições de 2014. Já nos identificam como inimigos a serem destruídos porque incomodamos e denunciamos, junto com outros bravos segmentos sociais, seus planos maquiavélicos de poder total. Ficou claro, há tempos, para nós suas ameaças e sua campanha difamatória de todos os lados, como a de ontem.


Avisamos que continuaremos na posição privilegiada ao lado de nossos sofridos pacientes, que não se deixarão envenenar indistintamente pela matéria jornalística ardilosamente calculada. Hoje, como em todos outros dias, vamos estar lutando por eles, cumprindo com nosso juramento sagrado e fazendo mais do que nossa obrigação, a fim de compensar os desmandos de uma minoria de maus médicos, dos Governos e dos planos de saúde. A população sabe separar o joio do trigo e os médicos do bem não precisam temer as fezes lançadas ao ventilador como ontem no horário nobre.


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