JORGE C. M. CURI
JORGE C. M. CURI
18/08/2014
11:46
O Desafio da Saúde no Brasil

A saúde é, sem dúvida, a principal preocupação dos brasileiros. Embora a constituição de 1988 com a implantação do SUS preveja a possibilidade de um sistema de saúde avançado e universal para todos brasileiros, nenhum dos governos, desde então, e nem os congressos, tiveram vontade política para efetivamente colocar um financiamento minimamente suficiente para tal.

A consequência é que hoje a saúde é de longe a principal preocupação dos brasileiros. Principalmente, nas grandes cidades, onde 80% da população têm a saúde como principal preocupação acima de todas as outras, como educação e segurança. Embora os impostos no país sejam de primeiro mundo, isto é, muito altos, não há contrapartida social correspondente. Essa insatisfação popular ficou evidente nas manifestações populares no ano passado.

O problema começa pelo financiamento, que, somado a uma política de RH débil, compromete a gestão. Em outros países com proposta idêntica de sistema de saúde universal, como o Reino Unido, aplica-se mais de 80% de financiamento público na saúde pública, enquanto que no Brasil essa porcentagem não passa de 44%. Os outros 56% são colocados pelas famílias, embora 75% da população sejam assistidas pelo SUS e 25% pelos Planos de Saúde.

Nos 25 anos de SUS são inegáveis avanços como vacinação, transplantes, AIDS, mas, por outro lado, as insuficiências são grandes. A rede básica é insuficiente, já que o principal programa que seria o PSF ( programa de saúde da família) não teve o apoio necessário. Isso faz com que haja um grande afluxo de pacientes aos Prontos-Socorros, com macas espalhadas e criando a imagem de um verdadeiro caos. Isso se difunde por muitas outras áreas, como as doenças crônicas, aceleradas pela epidemia de obesidade, HAS, DM e demais problemas das grandes cidades, a exemplo do alcoolismo, crack e acidentes de trânsito, potencializados pelas motos no momento.

Na assistência hospitalar a situação também é caótica devido à não correção da tabela do SUS há mais de 10 anos, inviabilizando filantrópicas e demais hospitais, como os universitários. Acrescenta-se a isso o aumento da longevidade e das doenças crônicas e maior conhecimento da população sobre necessidades de saúde e a falta de médicos e recursos de atendimento. Na saúde suplementar a situação não é melhor. Há falta de valorização da assistência e excessiva interferência dos planos, dificultando o acesso e limitando a assistência e desagradando usuários e prestadores.

Não é à toa, portanto, que o governo se coloca muito preocupado com as pesquisas negativas sobre a saúde às vésperas das eleições. Na tentativa de melhoria das pesquisas, mas com pouca conversa com os setores envolvidos, o governo criou há pouco mais de um ano o “Mais Médicos”, com importação de médicos sem a validação de diplomas, sendo a maioria cubanos e com graves polêmicas trabalhistas legais, confrontando médicos e instituições. Além do mais, sinalizando a criação do serviço civil obrigatório por dois anos para os egressos das faculdades de medicina brasileiras.

Lamentavelmente, as medidas mais efetivas como melhoria do financiamento, valorização de RH e da gestão não se vê concretamente, tornando o futuro na saúde uma interrogação preocupante e um grande debate para as eleições.
 


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