Em um momento crítico, quando assistimos manifestações fundamentalistas contra o médico brasileiro, que sempre foi respeitado pelos pacientes, comemoramos na sexta-feira, 18 de outubro, o Dia do Médico. São inúmeras as conquistas, desde o aumento de sobrevida a avanços na ciência e tecnologia - ações que têm o médico como um dos principais pilares. No entanto, o momento atual pede reflexão e união para encarar ações autoritárias e eleitoreiras do governo para a assistência à saúde.

Durante o clamor dos movimentos de rua, a presidente lançou um programa com estratégia de marketing bem estudada e sólida construção jurídica, além do viés demagógico e político. Dessa forma, passou o rolo compressor desqualificando os médicos brasileiros e generalizando problemas pontuais, formando uma rede de intrigas contra a categoria que cuida e sempre cuidará de bens indisponíveis e inegociáveis, a saúde e a vida.

O Programa Mais Médicos não resolverá a raiz do problema: o sub-financiamento da saúde. Daí ser inócuo, extemporâneo e inadequado. Os médicos intercambistas serão também vítimas da falta de infraestrutura do país e, por conseguinte, a população mais necessitada descobrirá que foi iludida.

É necessário que a sociedade fique alerta e avalie a situação de forma ampla. Porque a mesma perda de controle do ato humano "deliberado" que não mediu a consequência de atos e dizimou a cultura do cacau na Bahia com a vassoura-de-bruxa no final da década de 80, pode acontecer com a Medicina. A semelhança está na implantação de um programa sem considerar a origem do problema, sem pensar em consequências, sem investir em infraestrutura, sem a formação de Carreira de Estado.

Há muitas instituições silenciosas e isso incomoda porque esta postura evidencia o receio de que qualquer manifestação possa soar como antipática e antipopular. Por outro lado, os médicos devem fazer a sua parte, continuarem na luta por melhorias para a assistência, exercendo a profissão com honra, dignidade e autonomia, sempre voltados para a saúde e o bem estar dos pacientes.