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Cardiologistas baianos criam curso para discutir risco cardiovascular no portador de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2)

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Em Salvador, com a chancela da Sociedade Brasileira de Cardiologia seção Bahia, um grupo de cardiologistas se reuniu e idealizou um curso que mescla teoria e prática para que os cardiologistas saibam lidar melhor com os portadores de Diabetes, uma das maiores causas de doenças cardiovasculares no mundo. Com o sucesso do primeiro curso realizado no mês de julho, a expectativa é que se construa um calendário de cursos que ultrapasse as fronteiras de Salvador e migre para a região Norte-Nordeste do Brasil.

 

Em parceria com a Sociedade Baiana de Cardiologia, quatro médicos reuniram-se para discutir os temas a serem abordados. O primeiro curso foi realizado no Hotel Mercure, no Rio Vermelho. Nessa primeira edição, puderam participar apenas cardiologistas associados à SBC-BA.  Para a concretização do curso, os quatro médicos tiveram apoio logístico e financeiro da indústria farmacêutica Astra Zeneca, que, no entanto, não interferiu no conteúdo da programação científica. O objetivo primordial do curso é proporcionar educação médica continuada a cardiologistas baianos e pode, no futuro, ser estendido para outras especialidades.

 

O curso teve como diferencial uma composição teórico-prática. Após embasamento teórico através de aulas expositivas com duração de 20 a 25min, os participantes foram divididos em quatro estações práticas. Nelas, casos clínicos concretos, e frequentes na prática diária do consultório, foram discutidos amplamente entre colegas com diferentes experiências na área.

 

“Nos casos discutidos, apresentamos situações frequentemente encontradas e, muitas vezes, desafiadoras do dia a dia do cardiologista. Foi possível uma grande interação com perguntas e respostas mostrando diferentes abordagens que transitavam da abordagem diagnóstica às possíveis intervenções terapêuticas”, pontuou um dos idealizadores do curso e diretor da ABM, Dr. Nivaldo Filgueiras.

 

Diferentes cenários foram contemplados nas discussões: pacientes idosos, portadores de Doença Renal Crônica e cardiopatas. “Esses pacientes morrem mais de problemas cardiovasculares, de Infarto do Miocárdio, AVC e insuficiência cardíaca. É muito importante que o cardiologista possa manejar esses casos de forma precoce, pois o tratamento, quando precoce e adequado, pode melhorar o prognóstico dessas pessoas”, continuou o Dr. Nivaldo.

 

“Embora seja uma doença metabólica, tratada sobretudo pelo endocrinologista, o Diabetes afeta o coração e aparelho cardiovascular de maneira significativa. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte dentre os portadores de DM2. Dessa forma, é muito importante que o cardiologista esteja familiarizado com a doença e suas principais complicações”, salientou o Dr. Gilson Feitosa Filho, instrutor do curso. “A relevância no tema ainda se torna maior pelo lançamento mundial recente de uma série de medicamentos, inclusive no Brasil. Há evidências muito robustas mostrando redução de desfechos cardiovasculares significativos, inclusive com redução da mortalidade cardiovascular do doente cardiopata”, continuou Dr. Gilson.

 

Os idealizadores deixaram claro que o objetivo das discussões não é ocupar o espaço do endocrinologista, mas somar forças no sentido de reduzir o impacto das doenças cardiovasculares dentre os portadores de Diabetes. A prevalência de DM2 vem aumentando em todo o mundo, inclusive no Brasil. “O que se pretende é falar para o cardiologista sobre como manejar melhor esse paciente com DM2. E discutir estratégias que reduzam o risco de complicações e morbimortalidade cardiovascular. O endocrinologista é um grande parceiro e imprescindível no cuidado do paciente, sobretudo daqueles com dificuldade de controle glicêmico. É o apoio de uma especialidade para outra, trabalhando lado a lado, com foco no principal: melhorar o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2”, enfatizou Feitosa Filho.

 

Para outro idealizador, Dr. Cláudio Marcelo Bittencourt das Virgens, é importante ressaltar que a mortalidade cardiovascular desses pacientes reduziu com a emergência destas novas classes de medicamentos. Estudos realizados para mostrar segurança cardiovascular, uma exigência do FDA, demonstraram redução da morbimortalidade. Dr. Claudio destacou os inibidores da SGLT2, que surgiram há cerca de 4 anos como uma grande novidade na área, além dos análogos de GLP-1. Segundo ele, há mais de 20 anos não havia drogas que, de fato, reduzissem a mortalidade cardiovascular associada ao Diabetes. “São drogas que não apenas controlam a glicemia, mas vêm pra mudar os desfechos graves desses pacientes”, acrescentou.

 

Também idealizador do curso, Dr. Maurício Barreto enfatizou dados epidemiológicos alarmantes e que reforçam a necessidade de que os médicos em geral estejam habilitados a diagnosticar e tratar portadores de Diabetes. Segundo Dr. Maurício, o número de indivíduos portadores da doença triplicou nas últimas décadas e a perspectiva é de que esse aumento continue nos próximos anos”, destaca.

 

Estimativas da Federação Internacional de Diabetes sugerem um incremento de quase 50% no número de diabéticos nos próximos 20 anos.  O Brasil é o 4º país no mundo em número de diabéticos, o que equivale a 12,5 milhões de indivíduos portadores da doença. Estima-se que até 40% da população de indivíduos portadores da diabetes na América latina desconhecem o diagnóstico. “Esses indivíduos não recebem, portanto, tratamento precoce e medidas de prevenção que podem mudar a evolução da doença”.

 

Dr. Maurício ainda pontuou as complicações renais dentre os diabéticos. “As doenças estão muito vinculadas. Diabetes e Hipertensão são as principais causas de insuficiência renal terminal e necessidade de terapia de substituição renal. Estima-se que até 40% dos diabéticos evoluem com insuficiência renal e algum estágio de doença renal crônica”.  O cardiologista explica ainda que o controle glicêmico reduz o risco de complicações microvasculares como nefropatia diabética, mas os estudos têm demonstrado que essas novas drogas têm efeito nefroprotetor que transcende o controle glicêmico.

 

 

Conheça os idealizadores do curso:

Dr. Nivaldo Filgueiras

Professor de Medicina da Universidade Salvador (Unifacs) Rede Laureate e Professor de Medicina da Universidade do Estado da Bahia - Doutorado na Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp) e Mestrado na Universidade Federal da Bahia (UFBA) - Cardiologista da Fundação Bahiana de Cardiologia e do Hospital da Cidade.

 

Dr. Gilson Feitosa Filho

Professor da Escola Bahiana de Medicina de Saúde Pública na Graduação e Pós Graduação – Professor Titular de Medicina da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) – Cardiologista do Hospital Aliança e do Hospital Santa Izabel e Doutorado em Cardiologia (Incor/USP)

 

Dr. Cláudio Marcelo Bittencourt das Virgens

Especialista em Cardiologia pela SBC. Coordenador do Programa de Residência Médica em Cardiologia do Hospital Ana Nery, Mestre em Medicina e Saúde Humana e Preceptor do Programa de Residência Médica da Fundação Bahiana de Cardiologia

 

Dr. Maurício Barreto

Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Preceptor do Programa de Residência Médica da Fundação Bahiana de Cardiologia e Coordenador do Ambulatório de Dislipidemias graves do Hospital Ana Nery.


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